Minha história dentro da Charlie e a (difícil) hora de deixar a companhia

De antemão, peço desculpas pelo longo texto... tentei ser resumido, mas não me foi muito possível... Aos que tiverem paciência de ler até o fim desta mensagem, agradeço!

O paintball é um esporte e tanto! Mas só para quem sabe jogá-lo com o cérebro... e também com o coração!
Para o jogador - ou o atleta, como preferirem - que pratica o paintball apenas de forma técnica, raciocinada, o esporte vai ajudá-lo ainda mais a exercitar e desenvolver seu intelecto! Claro que vai ajudar também em relação ao seu condicionamento físico e tal...
Mas para quem pratica o paintball, também com o coração, nossa!, aí, a experiência será muitas e muitas vezes mais gratificante!
Sempre procurei um esporte que fizesse parte de mim... daqueles que eu não pudesse deixar de praticar! Já estava desistindo de encontrá-lo quando, sem muitas pretensões, fui reapresentado ao painball! Digo reapresentado porque já havia conhecido, mas apenas fiz uma matéria sobre esta guerra de bolinhas de tinta, lá no distante ano de 1996... foi uma matéria de algumas horas e pronto, havia acabado!
Não! Não havia!
Eu não sabia, mas ao fazer uma matéria sobre o paintball, com um dando de "malucos" que formavam o grupo Dragão Azull, algo havia ficado em minha alma...
Muitos anos se passaram e, então, como já disse, fui reapresentado ao paintball, já que meu sogro e toda a sua família estavam praticando!
Relutei em participar... "gasta-se muito dinheiro, não quero!", pensei... Ledo engano! Ganha-se muito mais! Não dinheiro, é claro, mas experiências!!!
O líder dos Dragões Azuis, um homem que entre eles é conhecido como D.A. 77 me convidou a entrar para aquele grupo... acabei aceitando, mais por educação!
Comecei a participar dos dias de treinamentos e, mesmo já sabendo que o Dragão Azul se dividia em 4 subgrupos, não sabia exatamente o que cada um fazia... me colacaram na tal Companhia Charlie! Senti um baita medo!
Era uma companhia formada pelos caras mais ralados do paintball... quem tava na Charlie, tava ali pra sofrer e sonhava em "subir" para a companhia seguinte, a Bravo, onde teria então um pouco mais de respeito! Foi isso que me disseram, foi isso que eu vi... Tudo MENTIRA!
Descobri que a Companhia Charlie não era nada daquilo que aqueles caras desmotivados me diziam! Apesar dos xingamentos, das pagações de apoio, polichinelo e mais xingamentos, a Charlie era uma companhia com grande potencial! Era sim a companhia mais cobrada, mais exigida e mais castigada! Mas tinha um porquê e uma razão!
Os caras que me haviam passado aquela primeira impressão sequer continuaram na equipe! Sairam por conta própria ou foram expulsos! Os que ficaram, começaram a mudar a cara da Cia. Charlie!
Como gosto de um desafio, adorei estar na "problemática" Charlie!
Primeiramente, tomei a iniciativa de criar um patch para a Cia. Charlie. Apresentei aos D.A.'s 77, 00, 01 e 02... foi aprovado!
Já tínhamos, nós da Charlie, uma "bandeira" a defender, dentro do grupo maior, que é o Dragão Azull! E isso cria muita motivação!
Aos poucos, e com muito trabalho, fui desenvolvendo meu estilo de jogo, sempre pagando muito apoio e polichinelos, é claro!
Quando comecei, a Cia. Charlie estava sendo comandada pelo D.A. 51. Não tive a oportunidade de jogar muito sob o comando dele, pois o mesmo teve que se ausentar por um tempo. Mas pelo pouco que estive sob as suas ordens, vi que era um grande jogador.
Depois, veio o comandante D.A. 66. Com este sim, pude, vivenciar mais o pantball! Era mesmo um comandante bacana! Mas me deixava fazer muita merda (e me desculpem a expressão, mas é a mais pura verdade), como alguns poderão se lembrar da vez que acordei a todos, aos gritos, em uma das edições do Fallujah. Nunca vou me esquecer daquela bobagem que fiz, a qual resultou em mais pagamentos de apoios e polichinelos! Eu nunca havia dito isso, mas pedi autorização pro 66 para fazer aquilo... e ele me deu! Hehehehehehe!
Logo depois, o comando da Charlie passou pro D.A. 18... um garotão que, na época, era até menor de idade! Alguns talvez não acreditassem muito nele - eu era um desses - mas resolvi dar todo apoio a ele! Naturalmente, acabei me tornando o motivador da companhia e, em consequência, o segundo-comando! Foi nesse momento que criei uma música de marcha para a Charlie: "A Charlie é infantaria? É sim, senhor! E o que a Charlie faz... " e assim vai. Agora, além de uma bandeira, tinhamos o nosso próprio "hino"... ganhamos mais motivação ainda! A companhia estava sempre - ou quase sempre - em formação! Começava a ser bonito de ver a infantaria toda organizada e orgulhosa dela mesma!
O tempo passou e assumi o comando da equipe de infantes... tive medo! Eu sabia que ser comando era uma tarefa difícil, que nos "trancava" o jogo... eu poderia ficar mais travado, pois se já era apenas um jogador regular, poderia ficar ainda pior! Mas aceitei o desafio, mesmo tendo perdido a parceria dos D.A,s 18, 66 e 68, que haviam sido transferidos para a Bravo! Mas para minha imensa sorte, o D.A. 10 se tornou o segundo-comando da Charlie! Segundo-comando não! Ele se tornou um comandante, ao meu lado! Eu não teria feito muito sem ele ao meu lado! E de fato não fiz... o que era de maior relevância já estava feito: a Charlie já era uma companhia com orgulho próprio e motivo de elogios para o grupo Dragão Azull. Nessa atual fase, só tive que manter o grupo unido e motivado... o resto, ficou pro 10!
Ah! Um outro fato que posso destacar foi a decisão do 77 de não fazer os novos jogadores entrarem pro grupo já ostentando a patch da Charlie! Desse momento em diante, eles eram apenas aspirantes e teriam que conquistar o direiro de carregar nosso símbolo no peito! Essa foi mais uma grande conquista nossa, sem dúvida! E com ela, mais força para os veteranos da companhia!
Não sou o mais indicado para avaliar a fase da Charlie sob meu comando! Os outros que façam isso! Mas não vou usar de falsa modéstia e dizer que pouco fiz pela companhia! Não! Fiz TUDO que me era possível fazer para tornar a Charlie o que é agora! Mas se realmente nos tornamos um exemplo de companhia, não fiz nada sozinho!
Hoje, que chega a hora de eu quebrar de vez o ovo (tal qual mostra o nosso patch), numa mescla de sentimentos, venho aqui agradecer a cada um dos Dragões Charlies que estiveram ao meu lado nesse tempo todo! A companhia fica em ótimas mãos! D.A. 10 e D.A. 06 farão, tenho certeza, um trabalho melhor que o meu e a Charlie só tende a crescer ainda mais!
Agradeço também a todos os Bravos e Alphas, que nos servem de exemplo a ser seguido! Agradeço aos oficiais do Dragão Azull! Agradeço aos agentes e rangers! Agradeço aos caras das outras equipes com as quais jogamos.

Vou para  Cia. Bravo, junto do nosso companheiro, o D.A. 35, assim como todos os Charlies um dia farão... mas vou com uma certa tristeza, de deixar para trás a companhia que primeiro me acolheu e que eu tanto amava (não sei participar das coisas pelas quais não amo). Mas também entro na Bravo esperançoso de que, ao "reencontrar" (entre aspas porque nunca deixamos de nos ver, mesmo estando em companhias distintas, pois somos todos de um só grupo) meus velhos companheiros, eu possa me sentir novamente em casa!
Como um Bravo, começo tudo novamente! Tenho muito a aprender e, tomara, a colaborar! Espero poder levar um pouco do espírito da Charlie para a Bravo, mas acho que isso eles ainda mantém neles! Quem sabe, então, eu não os faça apenas relembrar um pouco mais?!
Continuamos nos vendo, todos os finais de semana, irmãos Charlies!
E, o melhor, continuaremos treinando juntos!
Termino dizendo:
"Nasceu um Dragão! Charlie!"

D.A. 73 - Comandante da Cia. Charlie (se despedindo)